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Pilares que regem a participação da família no cuidado domiciliar ao paciente

Publicado em Março 01, 2024

6 minutos

Profissional da saúde orientando paciente em sua casa
Saiba quais são os direitos e deveres da família no cuidado domiciliar ao paciente e descubra como sua participação pode contribuir no tratamento de saúde. 

O atendimento e os cuidados domiciliares ao paciente são uma forma de assistência à saúde que visa oferecer conforto, segurança e qualidade de vida para as pessoas que necessitam de cuidados especiais. Essa modalidade de atenção à saúde pode ser indicada para o tratamento de doenças crônicas, recuperação pós-cirúrgica, entre outros casos.

A família é um elemento fundamental nesse contexto, sendo a principal fonte de apoio e afeto, responsável também por prover as condições materiais e emocionais para que o paciente possa seguir seu tratamento com tranquilidade. 

Neste texto, exploraremos o papel transformador da família nos cuidados domiciliares, destacando como esse compromisso pode ser uma experiência positiva, repleta de aprendizado e crescimento em conjunto. 

A importância da rede de apoio 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) identifica a família como o principal agente social de promoção de saúde e bem-estar. Evidências clínicas e epidemiológicas cada vez mais sustentam a ideia de que a família desempenha um papel significativo na influência sobre o estado de saúde, assim como no desenvolvimento e na recuperação dos pacientes. 

Uma pesquisa publicada na revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP) mostrou que os pacientes que recebiam apoio familiar durante o tratamento tinham uma melhora significativa na qualidade de vida, na adesão à medicação e na redução dos sintomas.   

O apoio familiar pode ser entendido como a presença, o cuidado, a compreensão e o incentivo dos familiares aos pacientes, ajudando-os a lidar com os diferentes aspectos da sua condição de saúde.

A pesquisa também apontou que ter o respaldo da família, amigos, associações comunitárias e equipes de saúde, pode contribuir na prevenção do isolamento social e da depressão, que são fatores de risco para muitos pacientes com doenças crônicas, resultando em uma abordagem mais eficaz no tratamento a longo prazo, contribuindo para melhor suporte emocional e bem-estar.

Médica conversando com a mãe do paciente pediátrico orientando, por meio de celular, sobre os cuidados domiciliares

4 pilares que regem a participação da família nos cuidados domiciliares ao paciente 

O cuidado domiciliar envolve uma equipe multidisciplinar que atua de forma integrada e coordenada, seguindo um plano terapêutico individualizado e respeitando as necessidades e preferências dos pacientes e suas famílias. 

Nesse processo, além da família ser a principal fonte de apoio emocional e afetivo ao paciente, ela também assume um papel ativo na prestação dos cuidados, sob orientação e supervisão dos profissionais de saúde.   

Para prestar cuidado domiciliar ao paciente, a família precisa de:  

  • Colaboração com profissionais de saúde para orientação e suporte; 
  • Modificações no ambiente doméstico para atender às necessidades do paciente; 
  • Conhecimento sobre a condição do paciente e as práticas de cuidado necessárias; 
  • Compreensão das informações médicas e habilidade para se comunicar efetivamente; 
  • Capacidade de identificar alterações do estado geral do paciente para acionar a equipe de saúde.

Confira abaixo os principais pilares que regem a participação da família na prestação de cuidados:

1. Autonomia

A família deve ser respeitada em sua capacidade de decidir sobre os cuidados que deseja receber ou oferecer ao paciente, levando em conta seus valores, crenças e expectativas, devendo ser informada sobre o diagnóstico, prognóstico, os benefícios e os riscos das intervenções propostas, bem como sobre as alternativas disponíveis.  

Outro fator importante é que os profissionais de saúde devem estimular a comunicação para esclarecer dúvidas, opiniões e sentimentos, promovendo assim, a participação ativa da família em todas as fases do cuidado, desde o planejamento até a execução. 

2. Capacitação 

A família deve receber orientações claras, objetivas e adequadas à sua realidade sobre os cuidados que deve prestar ao paciente no domicílio, tais como: higiene pessoal, alimentação, administração de medicamentos, prevenção de complicações, manejo de equipamentos e dispositivos, entre outros. 

A capacitação nesse processo inclui o reconhecimento de sinais e sintomas de alerta que indiquem a necessidade de procurar ajuda profissional. A família deve ser incentivada a buscar fontes confiáveis de informação sobre a condição de saúde do paciente e os recursos disponíveis na rede de atenção.    

3. Colaboração 

É essencial que a família estabeleça uma relação de confiança e parceria com os profissionais de saúde que prestam o cuidado domiciliar, compartilhando informações relevantes sobre o paciente e sua situação familiar, social e ambiental.  

Seguir as orientações recebidas, comunicando qualquer dificuldade ou intercorrência que possa comprometer a qualidade ou a segurança dos cuidados, é uma responsabilidade importante. Além disso, integrar-se à equipe multiprofissional e contribuir com suas experiências e habilidades, são formas valiosas de participação da família no processo de tratamento.

4. Autocuidado 

A família deve ser reconhecida como alguém que também necessita de cuidados, além de suas demandas e direitos, devendo receber apoio psicossocial para lidar com aspectos emocionais que podem acompanhar os cuidados ao paciente. 

Também é fundamental que os familiares tenham momentos de lazer, descanso, convívio social e  que possam contar com o apoio de amigos e até mesmo de outras famílias que lidam com a mesma condição.

Profissional da saúde atendendo a paciente no conforto do lar

Como a abordagem de Saúde Baseada em Valor pode contribuir? 

A abordagem de Saúde Baseada em Valor é uma proposta que visa melhorar os resultados em saúde para os pacientes e profissionais, reduzindo custos desnecessários ou ineficientes e aumentando a satisfação dos envolvidos.  

Essa abordagem se fundamenta na mensuração dos resultados em saúde que são relevantes para os pacientes (como qualidade de vida, funcionalidade e segurança) em relação aos recursos utilizados para alcançá-los (como tempo, dinheiro e tecnologia).  

A participação da família no cuidado domiciliar está alinhada com essa abordagem, pois pode contribuir para:  

  • Melhorar os resultados em saúde para os pacientes, ao favorecer a adesão ao tratamento, a prevenção de complicações, a recuperação funcional, o alívio da dor e a qualidade de vida.  
  • Reduzir os custos para o sistema de saúde, ao evitar internações hospitalares desnecessárias ou prolongadas, reduzir o uso de serviços de emergência ou de alta complexidade e otimizar o uso de recursos humanos e materiais.  
  • Aumentar a satisfação dos usuários e dos profissionais, ao promover o respeito à autonomia, à individualidade e à diversidade dos pacientes e suas famílias, além de fortalecer o vínculo terapêutico, garantir uma comunicação efetiva entre os envolvidos, valorizando o trabalho em equipe e a integralidade do cuidado. 
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Referências

Abordagem familiar para o cuidado integral do paciente: conceitos iniciais | 2021 | Disponível em: https://www.sanarmed.com/abordagem-familiar-para-o-cuidado-integral-do-…;

A influência da família no tratamento de pacientes com doenças crônicas | 2017 | Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-74092…;

Cuidado Centrado no Paciente e família: Atitudes práticas | 2021 | Disponível em: https://www.maisterapias.com.br/cuidado-centrado-no-paciente-e-familia-…;

Rede de apoio é fundamental no tratamento de doenças crônicas | 2023 | Disponível em: https://www.estadao.com.br/saude/rede-de-apoio-e-fundamental-no-tratame…

O papel da família no cuidado domiciliar | 2021 | Disponível em: https://blog.carefy.com.br/index.php/cuidado-domiciliar/  

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