O que é Apneia do Sono?
Apneia do Sono explicada em 1 min
A Apneia do Sono é uma pausa involuntária da respiração durante o sono por pelo menos 10 segundos. A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é o tipo mais comum, causada por uma obstrução das vias aéreas na região da garganta(1,2), ela acontece quando os músculos relaxam durante o sono.
O fluxo de ar é obstruído ou reduzido, causando vibrações que resultam em ronco durante o sono e uma queda do oxigênio. O cérebro percebe essa falta de oxigênio e responde com “micro-despertares” repentinos, inconscientes e que não duram muito tempo, chamado de ronco ressuscitador para restaurar a respiração. A ocorrência repetida de interrupções frequentes da respiração durante a noite quebra o padrão de sono, que deixa de ser uma atividade restauradora.
Conheça os sinais e sintomas da Apneia do Sono
A apneia do sono está comumente associada ao ronco alto, mas nem todos os roncadores sofrem de apneia(4). Para 75% dos portadores de apneia do sono, o primeiro sinal é quando seu/sua parceiro(a) de cama reclama disso (4), ou quando percebe que você está ofegante ou respirando de maneira anormal e, por isso, também passa a ter um sono agitado(5). Essa falta de sono tem um impacto significativo sobre sua qualidade de vida geral.
Durante o dia, outro sinal comum é a sonolência excessiva, tal como sentir-se cansado de manhã após uma noite inteira de sono ou querer tirar um cochilo durante o dia.(5)
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Acordar com dor de cabeça
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Falta de concentração
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Falta de energia
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Irritabilidade
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Pesadelos frequentes
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Sentir-se asfixiado durante o sono
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Visitas repetidas ao banheiro à noite
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Perda da libido
Os riscos da Apneia do Sono para a saúde
Se não for tratada, a apneia do sono pode causar várias complicações, principalmente cardiovasculares (10) e metabólicas (11) em longo prazo.
Apneia obstrutiva do sono e seu coração
A combinação de distúrbios do sono e falta de oxigênio pode levar ao desenvolvimento ou agravamento de problemas cardiovasculares, como (10, 11, 13):
- Hipertensão (pressão alta);
- Arritmia (distúrbio do ritmo cardíaco);
- Acidente cerebrovascular (AVC ou AVC);
- Infarto do miocárdio (ataque cardíaco); (14)
- Insuficiência cardíaca (quando o coração não bombeia mais sangue suficiente para atender às necessidades do corpo) (15).
Obesidade, diabetes e apneia do sono: uma ligação estreita
Aproximadamente 15-30% das pessoas com apneia também têm diabetes tipo 2 (11), confirmam pesquisas.
A fragmentação do sono também tem impacto negativo nos hábitos alimentares, pois aumenta a sensação de fome e reduz a saciedade (11). A obesidade é um fator de risco para diabetes tipo 2 e um fator agravante da síndrome da apneia obstrutiva do sono (11).
Em média, a depressão e a ansiedade afetam 35% e 32% dos pacientes com a doença, respectivamente (12). É importante tratar cada um desses fatores e fazer consultas regulares com um médico.
Como saber se sofro com Apneia do Sono?
Todos nós podemos sofrer com roncos, nos sentir cansados durante o dia… Mas o ronco é sintoma de apneia do sono?
Alguns fatores predispõem as pessoas a desenvolverem essa doença crônica e evolutiva: ser do sexo masculino, estar acima do peso, ter mais de 50 anos de idade, ter um pescoço largo, um nariz fino, uma mandíbula pequena e ter histórico familiar de apneia do sono (18). Com esse teste simples, conhecido como Questionário de Berlim, podemos ajudar a avaliar seu risco de sofrer de apneia do sono.
Lembre-se de que o resultado deste teste não é um diagnóstico. Compartilhe o resultado com seu médico.
Você ronca?
O ronco alto e frequente é um dos indicadores de apneia do sono. No entanto, nem todos os roncadores têm a doença. Está em dúvida se você sofre de apneia do sono?
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Referências
2. Rules for Scoring Respiratory Events in Sleep: Update of the 2007 AASM Manual for Scoring of Sleep and Associated Events – Journal of Clinical Sleep Medicine, Vol. 8, No. 5, 2012
4.Sleep breathing disorders – European Respiratory Society White Book (chapter 23)
5.Obstructive sleep apnoea, Sleep Health Foundation, 2011
6.American Academy of Sleep Medicine (AASM)- Sleep disorders-Sleep Apnea, Consulted 08/12/2021@https://sleepeducation.org/sleep-disorders/sleep-apnea
7.Obstructive sleep apnoea, Sleep Health Foundation, 2011
8.Sleep breathing disorders – European Respiratory Society White Book (chapter
9.Terán-Santos J., Jiménez-Gómez A., & Cordero-Guevara, J. (1999). The association between sleep apnea and the risk of traffic accidents. N Engl J Med., 340(11), 881-3.
10.Somers VK et al. Circulation. 2008 Sep 2;118(10):1080-111
11.Reutrakul S et al. Obstructive Sleep Apnea and Diabetes: A State of the Art Review. Chest. 2017 Nov;152(5):1070-1086
12.Garbarino S et al. Association of Anxiety and Depression in Obstructive Sleep Apnea Patients: A Systematic Review and Meta-Analysis. Behav Sleep Med. 2020 Jan-Feb;18(1):35-57
13.Bonsignore MR et al. Obstructive sleep apnea and comorbidities: a dangerous liaison. Multidiscip Respir Med. 2019 Feb 14;14:8
14.American Heart Association. Heart and stroke encyclopedia. Coronary thrombosis
15.American Heart Association. Heart and stroke encyclopedia. Heart failure
16. Obstructive Sleep Apnoea – A guide for GPs – British Lung Foundation (NHS)
17. Benjafield Adam V et al. Estimation of the global prevalence and burden of obstructive sleep apnoea: a literature-based analysis. Lancet Respir Med. 2019;7(8):687-698. doi:10.1016/S2213-2600(19)30198-5
18. Tufik S, Santos-Silva R, Taddei JA, Bittencourt LRA. Obstructive sleep apnea syndrome n the Sao Paulo epidemiologic sleep study. Sleep Med 2010;11:441–6.
19. Heinzer R, Vat S, Marques-Vidal P, et al. Prevalence of sleep-disordered breathing inthe general population: the HypnoLaus study. Lancet Resp Med 2015;3:310–8.
20. Sleep breathing disorders – European Respiratory Society WhiteBook (chapter 23)
FAQ's
Por que eu ronco enquanto durmo?
O ronco ocorre devido à vibração dos tecidos da garganta quando há uma obstrução parcial da passagem do ar durante a respiração. Esse fenômeno pode ser causado por diversos fatores, como o relaxamento excessivo dos músculos da garganta, o formato das vias aéreas e hábitos diários.
Principais causas do ronco:
- Relaxamento dos músculos da garganta – Durante o sono, especialmente no estágio profundo, os músculos da língua e da garganta relaxam, estreitando as vias aéreas e favorecendo o ronco.
- Excesso de peso – O acúmulo de gordura ao redor do pescoço pode pressionar as vias respiratórias, tornando a passagem de ar mais difícil.
- Desvio de septo ou obstruções nasais – Problemas estruturais no nariz, como desvio de septo, pólipos nasais ou congestão causada por alergias e resfriados, dificultam a respiração e aumentam o ronco.
- Uso de álcool e sedativos – Essas substâncias relaxam ainda mais os músculos da garganta, tornando o ronco mais frequente e intenso. Importante: em casos de uso de medicações com efeito sedativo, não interromper sem orientação.
- Posição ao dormir – Dormir de barriga para cima (decúbito dorsal) pode fazer com que a língua caia para trás, obstruindo parcialmente as vias aéreas e causando ronco.
- Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) – O ronco pode ser um sintoma de apneia do sono, uma condição em que a respiração é interrompida temporariamente várias vezes durante a noite, reduzindo a oxigenação do corpo e causando despertares frequentes.
Como reduzir ou evitar o ronco:
- Mudar a posição de dormir, preferindo dormir de lado em vez de dormir de barriga para cima;
- Perder peso se o excesso de gordura no pescoço é um dos motivos que geram o ronco. Importante: adotar novos hábitos alimentares com orientação profissional;
- Evitar consumir bebidas alcoólicas próximo ao horário de dormir;
- Tratar problemas respiratórios como rinite e desvio de septo;
- Consultar um médico se o ronco for frequente, alto ou testemunhado com pausas na respiração, pois pode ser um sinal de apneia do sono.
Se apresentar ronco e sintomas que afetam a qualidade do sono ou a de um parceiro, é importante buscar uma avaliação médica para identificar a causa e encontrar o melhor tratamento o quanto antes.
A apneia do sono pode afetar qualquer pessoa ou há grupos mais propensos a desenvolvê-la?
A apneia do sono pode afetar qualquer pessoa, mas alguns grupos apresentam maior predisposição devido a fatores anatômicos, genéticos e de estilo de vida.
Grupos mais interessados no desenvolvimento da apneia do sono:
- Pessoas com excesso de peso –Pessoas com excesso de peso: O acúmulo de gordura ao redor do pescoço pode exercer pressão sobre as vias respiratórias, dificultando a passagem do ar e aumentando o risco de apneia obstrutiva do sono. De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein , o excesso de peso é um dos principais fatores de risco para a condição, pois pode levar ao estreitamento das vias aéreas e ao colapso durante o sono;
- Homens – Os homens têm maior predisposição à apneia obstrutiva do sono em comparação com as mulheres. No entanto, após a menopausa, o risco feminino se aproxima do masculino devido às mudanças hormonais que podem influenciar o controle excessivo e a distribuição de gordura corporal. Segundo o Manual MSD , essas alterações hormonais podem aumentar a vulnerabilidade das mulheres à condição nessa fase da vida;
- Idosos – De acordo com o Manual MSD, com o envelhecimento, ocorre um relaxamento natural dos músculos da garganta, favorecendo o distúrbio das vias aéreas durante o sono;
- Pessoas com características anatômicas específicas – Certas características anatômicas podem favorecer a obstrução das vias aéreas e aumentar o risco de apneia obstrutiva do sono. Entre elas, destacam-se um queixo pequeno (retrognatismo), pescoço curto e largo, amígdalas ou adenoides aumentadas (especialmente em crianças) e um palato mole alongado. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) , essas condições podem dificultar a passagem do ar e contribuir para o desenvolvimento da doença;
- Indivíduos com histórico familiar de apneia – A genética pode influenciar o formato das vias aéreas e a predisposição ao desenvolvimento da condição, afirma o Manual MSD;
- Pacientes com doenças crônicas : Condições como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares estão frequentemente associadas à apneia do sono, podendo tanto contribuir para o seu desenvolvimento quanto serem agravadas por ela. De acordo com um estudo realizado por Silva, Leite e Viana (2015), a apneia do sono está ligada a um maior risco de complicações cardiovasculares e metabólicas, destacando a importância do seu diagnóstico e tratamento adequado;
- Tabagistas – Segundo o Manual MSD, o tabagismo pode causar inflamação e inchaço nas vias aéreas superiores, dificultando a respiração e aumentando o risco de apneia;
- Mulheres grávidas – No terceiro trimestre da gestação, o ganho de peso e as mudanças hormonais podem contribuir para o desenvolvimento temporário da apneia do sono.
Conclusão:
Embora qualquer pessoa possa desenvolver apneia do sono, fatores como obesidade, idade, sexo e características anatômicas aumentam o risco. Caso haja sintomas como ronco intenso, pausas na respiração e sonolência excessiva durante o dia, é fundamental procurar um médico para diagnóstico e tratamento adequado.
A apneia do sono pode desaparecer sozinha ou sempre exige tratamento?
A apneia do sono é uma condição crônica que exige tratamento para evitar complicações à saúde. No entanto, o tipo de intervenção depende da gravidade da condição e dos fatores que a causam.
Casos em que a apneia pode melhorar com mudanças no estilo de vida:
- Perda de peso – a redução do peso e, consequentemente, da gordura localizada ao redor do pescoço, pode aliviar a obstrução das vias aéreas e diminuir ou até eliminar os episódios de apneia.
- Mudanças nos hábitos e estilo de vida – Evitar o consumo de álcool e derivados de cafeína próximo do horário de dormir, adotar uma dieta saudável e a prática regular de atividade física, pode reduzir a gravidade da apneia.
Casos que exigem tratamento complementar:
- Quando a obstrução das vias aéreas é intensa, apenas mudanças no estilo de vida podem não ser suficientes, sendo necessário o uso de dispositivos como o CPAP;
- Se a apneia está relacionada a problemas cardíacos, diabetes ou hipertensão, o tratamento é essencial para evitar complicações.
- Quando há ronco intenso, sonolência diurna excessiva, dificuldade de concentração e cansaço constante, o tratamento é necessário para melhorar a qualidade de vida.
Conclusão:
Embora alguns casos leves possam melhorar com mudanças no estilo de vida, a apneia do sono exige tratamento para evitar riscos à saúde. O acompanhamento médico e multidisciplinar é fundamental para determinar a abordagem mais adequada para cada paciente.
Qual exame médico é necessário para confirmar o diagnóstico de apneia do sono?
O exame médico mais indicado para confirmar o diagnóstico de apneia do sono é a polissonografia.
O que é a polissonografia?
A polissonografia é um exame que monitora diversos parâmetros do corpo durante o sono, como:
- Atividade cerebral (eletroencefalograma);
- Movimentos oculares;
- Frequência cardíaca;
- Níveis de oxigênio no sangue;
- Fluxo respiratório;
- Ronco e movimentos do tórax, abdômen e membros inferiores.
Tipos de polissonografia:
- Polissonografia completa ou do Tipo I (em laboratório) – Feita em um laboratório do sono, com monitoramento detalhado por profissionais especializados.
- Polissonografia domiciliar e Poligrafía (tipos II, III) – Exame realizado em casa com um aparelho portátil, proporcionando mais conforto aos pacientes.
Outros exames complementares:
- Oximetria noturna – Mede os níveis de oxigênio no sangue durante o sono, podendo indicar pausas na respiração, conhecido como polissonografia do tipo IV.
- Exames clínicos e questionários – O médico pode avaliar sintomas como ronco, sonolência diurna e fadiga, além de aplicar questionários validados.
Conclusão:
A polissonografia é o exame padrão para diagnosticar a apneia do sono, permitindo uma avaliação precisa da gravidade do distúrbio e a definição do melhor tratamento. Caso haja suspeita da condição, é essencial procurar um especialista em sono.