A importância do Assistente de Tosse para pacientes com doenças respiratórias
Publicado em Abril 30, 2024
7 minutos
A ventilação mecânica é uma técnica utilizada para fornecer suporte respiratório a indivíduos com dificuldades ou incapacidade de respirar de forma autônoma.
Para proporcionar um melhor resultado no tratamento com ventilação mecânica, é necessário aplicar condutas terapêuticas que visam manter as vias aéreas pérvias com a utilização de recursos e/ou manobras de higiene brônquica, especialmente em pacientes com doenças neuromusculares ou com a capacidade de tosse reduzida.
O assistente de tosse, recurso que desempenha um papel fundamental no tratamento, auxilia na remoção de secreções das vias aéreas e previne complicações respiratórias graves.
Neste texto, vamos explorar a importância do assistente de tosse em pacientes submetidos à ventilação mecânica, detalhando seus benefícios, funcionamento e considerações práticas tanto para profissionais de saúde, como para cuidadores.
Entendendo a Ventilação Mecânica
A ventilação mecânica, também conhecida como suporte ventilatório, é um procedimento médico no qual um dispositivo mecânico é utilizado para auxiliar ou substituir a respiração espontânea de um paciente.
Esse suporte é essencial em situações em que o paciente não consegue manter uma respiração adequada de forma autônoma, seja devido a uma condição aguda, como insuficiência respiratória aguda, ou a uma condição crônica, como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
Existem diferentes tipos de suporte ventilatório, na Ventilação Mecânica Invasiva (VMI), por exemplo, um tubo endotraqueal ou uma cânula de traqueostomia é inserido nas vias respiratórias do paciente, fornecendo suporte ventilatório direto.
Esse método é frequentemente utilizado em situações de emergência ou em casos de comprometimento respiratório grave, onde a intervenção direta é necessária para garantir a oxigenação adequada dos tecidos.
Por outro lado, a Ventilação Mecânica Não Invasiva (VNI) oferece uma abordagem que utiliza máscaras faciais ou nasais para fornecer suporte ventilatório, sem a necessidade de intubação. Essa modalidade é frequentemente utilizada em pacientes com doenças respiratórias crônicas, como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).
Ambas as formas de ventilação (exceto quando submetido intubação orotraqueal) podem ser aplicadas em âmbito hospitalar ou domiciliar, dependendo das necessidades do paciente e do seu estado geral de saúde.
Além disso, tanto na VMI quanto na VNI, o assistente de tosse desempenha um papel fundamental na fisioterapia respiratória do paciente. Integrado à reabilitação pulmonar, o assistente de tosse auxilia na mobilização e remoção eficaz das secreções das vias aéreas, promovendo uma respiração mais eficaz e prevenindo complicações respiratórias.
A importância da remoção adequada de secreções
Para pacientes em ventilação mecânica, a remoção eficaz de secreções das vias aéreas traz uma série de benefícios importantes para a saúde respiratória. Essa prática além de otimizar a função pulmonar, auxilia na prevenção de complicações respiratórias, como Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM) e atelectasia (colapso dos alvéolos pulmonares).
Além disso, ao remover as secreções das vias aéreas, a respiração do paciente é facilitada, permitindo que o ar flua mais livremente através dos pulmões, reduzindo o desconforto respiratório, melhorando a eficiência da troca gasosa e garantindo que o corpo receba oxigênio suficiente para suas necessidades metabólicas.
O papel do assistente de tosse
O dispositivo, também conhecido como Cough Assist, é projetado para simular uma tosse natural, ajudando na remoção de secreções das vias respiratórias. O funcionamento do assistente de tosse se baseia na alternância entre pressões positivas e negativas aplicadas nas vias aéreas do paciente. Esta variação de pressão ajuda a mobilizar e expelir secreções, facilitando a respiração e reduzindo o risco de infecções.
O assistente de tosse pode ser utilizado para pacientes de forma não invasiva ou invasiva. Ele pode ser ajustado de acordo com as necessidades específicas do paciente, incluindo a pressão aplicada, o tempo de insuflação, a opção de oscilação e a frequência dos ciclos de tosse assistida.
Indicações e contraindicações
O uso do assistente de tosse deve ser aplicado por profissionais habilitados, de acordo com a indicação médica e condição clínica do paciente.
Conheça algumas das patologias que podem se beneficiar do uso do dispositivo:
- Doenças pulmonares restritivas, como fibrose cística;
- Outras condições que produzem secreções espessas, como DPOC de leve a moderada;
- Pacientes em pós-operatório tardio de cirurgias torácicas que podem ter a função de tosse comprometida;
- Doenças neuromusculares, como distrofia muscular e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que afetam a força dos músculos respiratórios.
No entanto, é importante ressaltar que existem algumas contraindicações para o uso do assistente de tosse, tais como:
- Histórico de pneumotórax (colapso pulmonar);
- Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA);
- Traqueomalácia (amolecimento das paredes da traqueia);
- Edema Agudo Pulmonar (acúmulo de líquido nos pulmões);
- Enfisema bolhoso ou mediastinal (bolhas nos pulmões que podem romper);
- Pneumomediastino (presença de ar no mediastino, a área central do tórax);
- Barotrauma recente (lesão causada por mudança rápida na pressão do ar);
- Instabilidade hemodinâmica (alteração de pressão arterial, frequência cardíaca).
Portanto, antes de iniciar o uso do assistente de tosse, é fundamental realizar uma avaliação cuidadosa do paciente para determinar se ele é um candidato adequado e se não apresenta nenhuma contraindicação para o uso deste dispositivo.
Quais os benefícios?
O uso do assistente de tosse oferece uma série de benefícios para pacientes em ventilação mecânica:
- Prevenção de infecções e complicações respiratórias, como PAVM e atelectasia;
- Melhora da ventilação pulmonar, permitindo que o oxigênio chegue aos tecidos do corpo de forma mais eficaz;
- Aumento da independência e melhora da qualidade de vida do paciente, reduzindo o desconforto respiratório e facilitando a reabilitação pulmonar.
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Recomendações práticas na aplicação da terapia
Para profissionais de saúde e cuidadores, é importante considerar algumas questões práticas ao utilizar o assistente de tosse em pacientes em ventilação mecânica:
Cada paciente é único, e suas necessidades respiratórias podem variar. É essencial que o profissional de saúde habilitado, como fisioterapeuta, realize uma avaliação individualizada para determinar a configuração ideal do assistente de tosse.
O assistente de tosse deve ser integrado de forma adequada na estratégia de cuidados do paciente, em colaboração com uma equipe multidisciplinar que inclua médicos, enfermeiros, fisioterapeutas respiratórios e outros profissionais de saúde.
O uso do assistente de tosse deve ser acompanhado de perto, com monitoramento contínuo da resposta do paciente e realização de ajustes conforme necessário. Isso inclui monitorar a eficácia da tosse assistida, a tolerância do paciente e quaisquer sinais de desconforto respiratório.
Pacientes e seus familiares devem ser orientados sobre o funcionamento do assistente de tosse, sua importância e como reconhecer sinais de complicações respiratórias que possam exigir intervenção médica.
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Referências
Ventilação Mecânica domiciliar – Uma realidade cada vez mais frequente | 2015 | Disponível aqui
Ventilação Mecânica do Zero: parâmetros, admissão e ajustes | 2024 | Disponível aqui
Ventilação não-invasiva: o que é, para que serve e tipos | 2023 | Disponível aqui
Recomendações para a ventilação mecânica domiciliar | 2018 | Disponível aqui
Assistente de Tosse | 2024 | Disponível aqui