Módulo 3: Terapia Nutricional Enteral: como se aplica a portadores de doenças crônicas
Saiba mais sobre a importância da nutrição enteral para determinadas patologias
A Terapia Nutricional Enteral (TNE) é um conjunto de estratégias para garantir que o paciente receba os nutrientes necessários para manter ou recuperar seu estado nutricional. Ela pode incluir suplementação ou o uso de sondas, especialmente em casos onde a alimentação oral é insuficiente ou inviável.
Dietas enterais: o que você precisa saber
As dietas enterais são completas em calorias e nutrientes, podendo ser preparadas em casa ou adquiridas em versões industrializadas. No entanto, é essencial que sejam prescritas e acompanhadas por uma equipe de saúde qualificada. Manter uma nutrição adequada é crucial para o funcionamento do organismo, pois desequilíbrios podem levar a desnutrição, dificuldades de cicatrização, maior risco de infecções e atraso na recuperação de doenças.
Fatores que influenciam a escolha da dieta enteral
A definição do tipo de dieta depende de fatores, como:
- Necessidades nutricionais específicas;
- Avaliação clínica e nutricional do paciente;
- Condições financeiras para acesso às fórmulas;
- Capacidade do organismo de digerir e absorver os nutrientes.
O papel da equipe multidisciplinar na terapia enteral
A equipe multidisciplinar – formada por médicos, nutricionistas, enfermeiros e outros profissionais da saúde – é responsável por planejar, prescrever e ajustar a dieta enteral de forma individualizada. Esse acompanhamento considera as condições de saúde e as particularidades de cada patologia. A terapia nutricional enteral pode ser usada para complementar ou substituir a alimentação oral, promovendo uma recuperação mais eficiente e melhor qualidade de vida para o paciente.
As dietas podem ser fornecidas de forma contínua, sem pausa, durante 12 a 24hs por dia e intermitente com horários pré estabelecidos pela equipe responsável pela manutenção nutricional do paciente.
Neste contexto, saber qual a abordagem recomendada para portadores de doenças crônicas, como as neuromusculares, além de entender as necessidades nutricionais de acordo com o quadro clínico é crucial para desfrutar de todos os benefícios da terapia. Leia mais!
Terapia Nutricional Enteral versus Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
A ELA é uma doença neurodegenerativa com progressão rápida que leva a atrofia e paralisia muscular através da degeneração dos neurônios motores presentes no cérebro e na medula espinhal. Pode ser diagnosticada por meio de testes de eletrodiagnóstico e neuroimagem associados ao exame físico e histórico do paciente.
Conheça alguns dos principais sinais e sintomas da ELA:
- Cãibras;
- Disfagia;
- Disartria;
- Dispneia;
- Espasticidade;
- Fasciculações;
- Atrofia muscular;
- Fraqueza progressiva.
Indicações da TNE para portadores de ELA
A terapia nutricional enteral na ELA é considerada uma das abordagens mais importantes para manutenção da saúde, sendo indicada em situações onde há perda de peso (5% a 10% do peso habitual), nutrição e hidratação inadequadas, disfagia com contraindicação de ingestão via oral e declínio da função respiratória.
Em pacientes com ELA, a administração da dieta enteral pode ser predominantemente intermitente e gravitacional, conforme a tolerância do paciente, pois alguns deles pode apresentar um quadro comum de constipação intestinal, sendo este melhorado após a oferta adequada de fibras, além da hidratação.
Entenda mais sobre as dietas enterais recomendadas
A recomendação do tipo da alimentação para portadores da doença pode ser baseada nas premissas das dietas hipercalóricas, hiperproteicas de normo a hiperlipídicas com fibras e sempre prescritas por profissionais habilitados. As dietas hipercalóricas geralmente são prescritas quando os pacientes apresentam perda de peso e de massa magra necessitando de uma quantidade superior de energia e de proteína com o objetivo da recuperação ou manutenção do peso.
Já a dieta hiperproteica de normo fornece a quantidade ideal de proteínas necessárias para a manutenção e recuperação do tecido muscular, além de fortalecer o sistema imunológico. Quanto à dieta hiperlipídica com fibras suas características principais são o suporte calórico e o auxílio na absorção de vitaminas.
Terapia Nutricional Enteral versus Atrofia Muscular Espinhal (AME)
A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença neuromuscular genética, autossômica e recessiva, que afeta os neurônios motores e leva a uma perda muscular progressiva, atrofia e comprometimento respiratório. A principal causa da doença se dá por uma alteração genética no gene SMN1 e seu diagnóstico é baseado nas alterações clínicas e por meio de exames genéticos específicos.
Classificação da AME
A AME é classificada de 0 a IV de acordo com a idade de início e conforme a gravidade da manifestação dos sintomas, como:
- Tipo 0: forma mais grave com manifestações intra-uterina;
- Tipo I (Werdnig-Hoffmann): início antes dos 6 meses de vida;
- Tipo II: início entre 6 e 18 meses de idade. Percebe-se grande comprometimento na sucção e deglutição, favorecendo broncoaspirações e atrasos no crescimento.
- Tipo III: início após 18 meses de idade. Adquire marcha quando criança mas apresenta fraqueza ao decorrer da vida.
- Tipo IV: início na adolescência/vida adulta.
Recomendações da TNE para portadores de AME
O cuidado nutricional e gastrointestinal em pacientes com atrofia muscular espinhal tem como principais objetivos a redução do risco de broncoaspiração durante a alimentação e a prevenção da desnutrição, especialmente em casos de disfagia, quando a alimentação oral ainda é possível.
Além disso, os portadores devem manter um acompanhamento nutricional contínuo com profissionais capacitados, pois uma terapia nutricional adequada, seja via oral ou enteral, é essencial para o crescimento e a manutenção da saúde dos acometidos. Os principais aspectos a serem monitorados são:
- Evolução do peso e composição corporal;
- Prevenção e tratamento de constipação intestinal;
- Risco de desnutrição ou obesidade, que podem comprometer a qualidade de vida.
- Ingestão adequada de líquidos, macronutrientes (nutrientes que fornecem energia ao organismo como a água, carboidratos, gorduras e proteínas) e micronutrientes (minerais e as vitaminas).
A partir dos pontos abordados acima, conclui-se que os critérios da indicação e da escolha da modalidade nutricional, dependem das necessidades individuais do paciente, garantindo a manutenção ou recuperação do estado nutricional de forma segura e eficaz. Nesses casos, a TNE pode ser necessária em diferentes estágios da doença, como:
- AME Tipo I: indicação precoce em casos de disfagia grave e risco elevado de broncoaspiração;
- AME Tipos II e III: recomendação em casos de fadiga excessiva ou gasto energético aumentado durante a alimentação, devido à fraqueza muscular progressiva.
Sendo assim, a nutrição enteral quando indicada poderá ser feita via sonda, geralmente de longa permanência, como a gastrostomia e a botton, utilizando assim diferentes tipos de dieta. As dietas caseiras são preparadas com alimentos naturais liquidificados. Já as dietas industrializadas são fórmulas nutricionalmente completas e balanceadas.
Conclusão
A Terapia Nutricional Enteral (TNE) é essencial para manter o estado nutricional de pacientes com doenças crônicas, como ELA e AME, prevenindo complicações e melhorando a qualidade de vida. A escolha da abordagem depende das necessidades individuais, podendo incluir sondas de longa permanência e dietas caseiras ou industrializadas. Com acompanhamento especializado, a TNE garante nutrição segura e eficaz ao longo da progressão da doença.
Muito Bem! Você finalizou mais uma etapa.
Siga para o módulo final e boa jornada!
Módulo 4: Problemas e Soluções aplicadas à Terapia de Nutrição Enteral
Entenda como proceder no dia a dia em casos de falhas comuns.
Referências
Terapia de nutrição enteral domiciliar: principais implicações dessa modalidade terapêutica| 2010 | Disponível aqui
Desospitalização: o que você precisa saber | 2022 | Disponível aqui
Cuidados Nutricionais | Disponível aqui
A importância da Nutrição na Esclerose Lateral Amiotrófica | Disponível aqui
Esclerose Lateral Amiotrófica | 2023 | Disponível aqui
Cuidado gastrointestinal e nutricional com pacientes com Atrofia Muscular Espinhal (AME)| 2022 | Disponível aqui
O que é amiotrofia espinhal? | Disponível aqui
O que é dieta normocalórica e dieta hipercalórica? | Disponível aqui
Esclerose Lateral Amiotrófica: como a nutrição enteral pode ajudar os pacientes? | 2023| Disponível aqui
Como é feita a classificação das dietas enterais? | 2023 | Disponível aqui
Qual é a recomendação de lipídios para pacientes em terapia nutricional enteral? | 2022 | Disponível aqui
Tipos de AME e Sintomas | Disponível aqui
Nutrição na AME | Disponível aqui
Macronutrientes e Micronutrientes | 2019 | Disponível aqui