Oxigenoterapia domiciliar e DPOC: quais são os cuidados especiais?
Publicado em Maio 02, 2023
6 minutos
Quando a oxigenação do sangue está comprometida, o corpo pode apresentar sintomas como falta de ar, fadiga, tonturas e confusão mental, afetando significativamente a qualidade de vida do paciente. Nesses casos, a oxigenoterapia domiciliar tem como objetivo melhorar a oxigenação do sangue e aliviar os sintomas.
Entre as principais recomendações para o tratamento em domicílio, destacam-se a importância da avaliação cuidadosa do paciente para determinar a necessidade da oxigenoterapia, a prescrição adequada da concentração e fluxo de oxigênio (O₂) com base na saturação e a monitorização regular, a fim de garantir a eficácia e segurança da terapia.
Para saber mais sobre o uso da oxigenoterapia em pacientes com doenças respiratórias crônicas e quais cuidados são necessários para o tratamento em domicílio, continue acompanhando o texto!
Em quais situações a indicação de oxigenoterapia domiciliar é necessária?
A oxigenoterapia domiciliar é indicada em situações em que o paciente apresenta uma baixa saturação de oxigênio no sangue, comum em diversas condições médicas, tais como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), fibrose pulmonar, insuficiência cardíaca, entre outras.
A baixa saturação se refere à diminuição dos níveis de oxigênio no sangue, que pode ocorrer mesmo quando um paciente está recebendo oxigênio suplementar por meio da oxigenoterapia. Normalmente, a saturação deve estar acima de no mínimo 90% para garantir que o organismo esteja recebendo O₂ suficiente para um funcionamento adequado. Porém, é necessário que a equipe multiprofissional determine a condição basal para cada situação, como no caso de pacientes com DPOC, que podem ter um valor de saturação como referência diferente desta.
A indicação da oxigenoterapia domiciliar é feita pelo médico, que avalia a condição clínica do paciente e realiza exames para verificar a saturação. Caso seja constatada a necessidade da terapia, a equipe multiprofissional indica o uso de equipamentos como cilindros de oxigênio, reservatório de oxigênio líquido ou concentradores de oxigênio portáteis e estacionários.
Essa modalidade de tratamento pode ser necessária a longo prazo. Por isso, é essencial que o paciente receba orientações sobre o uso correto do equipamento e seja acompanhado regularmente por um profissional de saúde especializado.
Quais são os exames necessários?
O médico pode solicitar alguns exames para avaliar a necessidade e a dosagem de oxigênio adequada para cada paciente, sendo que os mais comuns são:
Oximetria de pulso: exame não invasivo, realizado com um sensor geralmente colocado na ponta do dedo do paciente, para mensurar a saturação de oxigênio no sangue;
Gasometria arterial: exame invasivo que avalia os gases do sangue arterial, incluindo a concentração de oxigênio, por meio de coleta de sangue;
Teste de caminhada de seis minutos: o teste avalia a capacidade do paciente em realizar atividades físicas e sua necessidade de oxigenoterapia durante o processo.
Fluxo da Oxigenoterapia
O fluxo de oxigênio é um dos parâmetros mais importantes na oxigenoterapia, pois determina a quantidade de oxigênio que é fornecida em litros por minuto (L/min), podendo variar de acordo com a condição clínica do paciente e a prescrição médica. Em geral, o fluxo varia de 1 a 15 L/min, dependendo da necessidade.
Para pacientes que precisam de oxigenoterapia contínua (dia e a noite), o fluxo geralmente varia de 1 a 5 L/min. Já para aqueles que necessitam do oxigênio durante atividades físicas ou esforços respiratórios, o fluxo pode ser aumentado temporariamente.
É importante lembrar que os ajustes devem ser feitos de acordo com as especificidades do paciente, evitando a hiperoxigenação (excesso de oxigênio) ou a hipoxemia (oxigênio insuficiente).
A importância do monitoramento para uma boa saturação
O monitoramento via oximetria é o procedimento mais comum, sendo importante para garantir que o paciente esteja recebendo a quantidade adequada de oxigênio durante o tratamento.
O oxímetro de pulso fornece uma leitura em tempo real da saturação de oxigênio no sangue, permitindo que a equipe multiprofissional possa ajustar o fluxo de oxigênio e monitorar a eficácia da oxigenoterapia ao longo do tempo.
Outra importância do monitoramento pela oximetria é a prevenção de complicações associadas à oxigenoterapia, como o uso excessivo de O₂, garantindo, assim, maior segurança durante o tratamento.
A diferenciação de uma boa saturação em pacientes com DPOC
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória que afeta os pulmões e dificulta a respiração. Em pacientes com DPOC, a diferenciação de uma boa saturação pode ser um pouco mais complexa em comparação às outras doenças respiratórias.
Normalmente, a saturação de oxigênio em repouso deve ser mantida acima de 90%. No entanto, na DPOC, a saturação pode ser cronicamente baixa, mesmo em repouso, devido a danos nos pulmões que reduzem a capacidade de absorver O₂.
Em alguns casos, o aumento do fluxo nesses pacientes pode levar a um aumento na retenção de dióxido de carbono (CO₂), causando uma piora dos sintomas respiratórios e da função pulmonar. Por isso, é necessário ajustar a terapia cuidadosamente para garantir que a saturação esteja adequada e sem excessos.
Além disso, em pacientes com DPOC, a avaliação da função respiratória e da eficácia da terapia deve levar em consideração outros fatores, como a capacidade de exercício e a dispneia (falta de ar), podendo ser monitorados por meio de testes de função pulmonar e escalas de avaliação de sintomas.
Quais cuidados devem ser tomados para a oxigenoterapia domiciliar?
Para que a terapia seja segura e eficiente, é necessário:
Orientação médica: o profissional irá avaliar a necessidade da terapia e indicar a dosagem correta de oxigênio para o paciente. Siga a prescrição de acordo com o que for recomendado;
Uso correto do equipamento: é fundamental que o paciente e seus cuidadores recebam orientações sobre o uso adequado do equipamento de oxigenoterapia, incluindo a limpeza e manutenção do mesmo;
Prevenção de acidentes: o oxigênio é um gás inflamável, portanto, é necessário tomar precauções para evitar acidentes, como manter o equipamento longe de fontes de calor e chamas, evitar fumar perto do equipamento e não utilizar lubrificantes inflamáveis;
Prevenção de infecções: é importante manter a higiene das mãos e do equipamento, trocar as máscaras ou cânulas nasais regularmente e evitar o compartilhamento do equipamento para impedir o risco de infecções respiratórias;
Acompanhamento médico: o paciente deve ser acompanhado regularmente por um profissional de saúde para avaliar a eficácia da terapia, ajustar a dosagem de oxigênio e identificar possíveis efeitos colaterais para prevenir complicações.
Ao seguir esses cuidados, a oxigenoterapia domiciliar pode ser segura e eficaz para melhorar a qualidade de vida de pacientes com baixa saturação de oxigênio no sangue.
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Referências
Efeito da hiperoxigenação sobre a avaliação da pressão inspiratória máxima (Pimáx) em pacientes críticos| 2023 | Disponível em: https://interfisio.com.br/efeito-da-hiperoxigenacao-sobre-a-avaliacao-d…
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Oximetria de pulso | 2018 | Disponível em: https://sbpt.org.br/portal/publico-geral/doencas/oximetria-de-pulso/
Recomendações para oxigenoterapia domiciliar prolongada da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia | 2022 | Disponível em: http://www.jornaldepneumologia.com.br/details/3750/pt-BR/recomendacoes-…;
Teste de caminhada de seis minutos - Reabilitação Cardíaca | 2023 | Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste…