Ventilação Não Invasiva em casa: como garantir a qualidade de vida do paciente?

A Ventilação Não Invasiva (VNI) é uma técnica fundamental para a saúde respiratória, responsável por facilitar a respiração espontânea em situações de saúde adversas, além de  ajudar a preservar os músculos respiratórios.

A aplicação domiciliar da VNI requer uma avaliação prévia da equipe multidisciplinar e, por meio de equipamentos de pressão positiva e parâmetros ventilatórios, a técnica é realizada de maneira eficaz por profissionais habilitados.

Neste texto, apresentaremos os aspectos essenciais da VNI, considerando a indicação, riscos e benefícios, bem como a importância de orientar os cuidadores para garantir um tratamento eficaz e preservar a qualidade de vida dos pacientes. 

Indicações para a VNI domiciliar 

O primeiro passo para obter o tratamento da ventilação mecânica não invasiva em domicílio é realizar uma consulta médica. É essencial que um profissional de saúde avalie a condição respiratória do paciente e determine a necessidade da terapia.

Durante a avaliação, o médico levará em consideração fatores como a causa da insuficiência respiratória, a gravidade da condição e a capacidade pulmonar do paciente. 

As principais patologias que podem indicar a necessidade de VNI são:

Doenças Neuromusculares  

Doenças neuromusculares, como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), muitas vezes resultam em fraqueza muscular e insuficiência respiratória. A VNI pode ser uma ferramenta crucial para fornecer o suporte ventilatório a esses pacientes.  

Doenças Obstrutivas   

Pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) podem se beneficiar com a ventilação não invasiva por meio da melhora na condição pulmonar, oxigenação e redução da dispneia (falta de ar).

Alterações da caixa torácica  

Pacientes com alterações da caixa torácica, como cifoescoliose congênita, podem encontrar alívio na VNI domiciliar, pois a terapia ajuda a manter a função respiratória e expansão pulmonar, evitando complicações.  

Outras condições  

Pacientes que apresentam outras condições, como a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), também podem se beneficiar da VNI domiciliar. Ela ajuda a manter as vias aéreas desobstruídas por meio da pressão positiva, além de reduzir a hipóxia (baixo nível de oxigenação) e manter a respiração adequada durante o sono.

Essa terapia oferece uma abordagem flexível para o manejo de uma ampla gama de condições relacionadas à saúde cardiopulmonar. 

Quais os benefícios da VNI domiciliar? 

Além de melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, essa terapia traz vantagens notáveis, como: 

Baixo custo e fácil manuseio  

Um dos principais benefícios da VNI domiciliar é seu custo acessível em comparação com hospitalizações frequentes.  

A aquisição de equipamentos e a orientação de pacientes e cuidadores são investimentos muito mais econômicos a longo prazo. Além disso, o manuseio dos dispositivos é intuitivo e relativamente simples, o que facilita a adaptação da terapia no cotidiano dos pacientes.  

Diminuição dos distúrbios do sono  

Distúrbios do sono são comuns em pacientes com insuficiência respiratória. A VNI ajuda a manter níveis adequados de oxigenação durante o sono, reduzindo desconfortos e permitindo um descanso mais reparador. Isso, por sua vez, melhora a qualidade de vida diurna, diminuindo a fadiga e o comprometimento cognitivo com melhoria inclusive no relacionamento familiar. 

Redução das internações hospitalares  

A aplicação da VNI domiciliar é uma estratégia eficaz na prevenção de internações hospitalares frequentes.  

Pacientes que usam os ventiladores mecânicos não invasivos podem gerenciar suas condições respiratórias em casa com a ajuda de uma equipe multidisciplinar, evitando a exposição a infecções hospitalares e a exacerbação de condições crônicas, como a DPOC.

Mais autonomia 

A aplicação da VNI em casa permite que os pacientes mantenham sua independência, realizando atividades diárias com uma rotina mais próxima da normalidade e permanecendo em contato com sua família, aspectos fundamentais para a saúde mental e emocional.   

Escolha dos equipamentos adequados 

Para a escolha do equipamento de VNI é fundamental que a equipe de saúde forneça orientações precisas sobre quais dispositivos e modos ventilatórios são mais adequados para a condição do paciente. 

Ventiladores Mecânicos Não Invasivos

Os dispositivos de VNI são projetados para fornecer suporte respiratório aos pacientes. Conheça alguns dos mais indicados para uso domiciliar

Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP): fornecem um fluxo constante de ar com uma pressão positiva, ideal para pacientes que precisam de suporte ventilatório para manter as vias aéreas abertas, como aqueles com apneia do sono;

Pressão Positiva em Vias Aéreas a Dois Níveis (Binível): fornecem duas pressões distintas, uma durante a inspiração (IPAP) e outra durante a expiração (EPAP), frequentemente usado em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

Máscaras para Ventilação Mecânica Não Invasiva 

As interfaces são as "máscaras" ou dispositivos que conectam o paciente ao equipamento de ventilação não invasiva: Existem várias opções disponíveis: 

Máscaras nasais: são colocadas sobre o nariz e são amplamente escolhidas devido à sua simplicidade e conforto, adequadas para pacientes que não toleram bem uma máscara facial;

Máscaras faciais: cobrem o nariz e a boca do paciente, oferecendo uma vedação eficaz, o que as torna uma escolha ideal para pacientes que requerem pressões mais elevadas.

Máscaras total face: As máscaras do tipo total face cobrem todo o rosto do paciente, além do nariz e boca. Uma opção quando o paciente tem lesões faciais que impedem o uso de máscaras ou para uso prolongado, como em situações de insuficiência respiratória.

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Como tornar a VNI em casa mais confortável? 

Uma vez que o equipamento de ventilação tenha sido escolhido, o paciente e/ou seus cuidadores devem receber orientação adequada sobre o uso correto do dispositivo, como:

1. Ligar e desligar o equipamento;
2. Colocar a máscara corretamente a fim de prevenir vazamentos; 
3. Limpar e higienizar o equipamento de acordo com as instruções do fabricante; 
4. Utilizar conforme a recomendação médica;
5. Não alterar os parâmetros de ventilação. A configuração do menu clínico do dispositivo deve ser feita sempre pelo profissional de saúde habilitado.

Aderência ao tratamento  

A aderência ao tratamento é fundamental para obter benefícios consistentes com a ventilação mecânica não invasiva. Para garantir uma boa aderência a terapia, é importante:  

• Integrar a terapia à vida cotidiana do paciente;
• Estabelecer uma rotina de tratamento consistente;
• Incentivar uso do equipamento para melhor adaptação do paciente;
• Compreender a importância da ventilação mecânica não invasiva na gestão da condição clínica do paciente.

Monitoramento regular  

A ventilação mecânica não invasiva requer monitoramento constante para garantir que o tratamento seja eficaz. Isso pode incluir:  

• Verificação dos sinais vitais do paciente, como a saturação de oxigênio e a frequência cardíaca por meio de dispositivos como o oxímetro, além da frequência respiratória;
• Acompanhamento de eventuais desconfortos ou complicações relacionadas à máscara ou ao dispositivo de pressão positiva;
• Monitoramento do progresso clínico do paciente.  

Comunicação com a equipe de saúde  

Os pacientes e/ou cuidadores devem relatar qualquer desconforto, problemas ou mudanças no quadro clínico à equipe multiprofissional. A equipe de saúde pode fazer ajustes no tratamento, conforme necessário.  

Atenção à higiene e manutenção  

Seguir as instruções do fabricante para a manutenção e higienização do equipamento de VNI é extremamente importante. A falta de limpeza regular pode resultar em riscos de infecção e mau funcionamento do equipamento.  

Certos componentes, como filtros, devem ser substituídos de acordo com as recomendações do fabricante. Acesse o nosso catálogo e confira os acessórios necessários.

Acompanhamento a longo prazo  

Para pacientes com condições respiratórias crônicas, a ventilação mecânica pode ser um tratamento a longo prazo. O acompanhamento contínuo com a equipe de saúde é fundamental para fazer ajustes no tratamento à medida que a condição do paciente evolui.