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6.3 Assistente de Tosse: saiba tudo sobre o funcionamento

Módulo 6 Equipamentos para atendimento domiciliar

 

O assistente de tosse é um aliado no tratamento de doenças que envolvem o trato respiratório, principalmente as que acometem diretamente a mecânica ventilatória. 

Comumente, pacientes portadores de doenças neuromusculares que são submetidos à ventilação mecânica,  evoluem para o enfraquecimento dos grupos musculares, incluindo os responsáveis pela respiração e pela tosse. A incapacidade de remoção de secreção gerada pela tosse ineficaz predispõe esses pacientes a infecções respiratórias recorrentes. 

Por isso, no texto a seguir, vamos explorar o papel do assistente de tosse na jornada de cuidados, que visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O objetivo principal atrelado ao recurso, é garantir uma terapia ventilatória eficaz, o que pode facilitar a continuidade do tratamento em domicílio.

Assistente de tosse:  por que adotá-lo como recurso terapêutico?

O assistente de tosse, também conhecido como Cough Assist, é um dispositivo projetado para simular a tosse natural e auxiliar na remoção de secreções das vias respiratórias. Seu funcionamento se baseia na aplicação alternada de pressões positivas e negativas nas vias aéreas do paciente. Essa variação de pressão ajuda a mobilizar e expulsar secreções, facilitando a respiração e diminuindo o risco de infecções.

Este dispositivo pode ser usado tanto de forma não invasiva quanto invasiva, e é ajustável conforme as necessidades específicas do paciente. As configurações ajustáveis incluem a pressão aplicada, o tempo de insuflação, a opção de oscilação e a frequência dos ciclos de tosse assistida.

Como adaptar o Assistente de Tosse ao paciente

A aplicação do assistente de tosse nas modalidades invasiva e não invasiva é realizada por meio de circuitos e acessórios adaptados para cada modelo de interface, como a máscara oronasal, peça bucal e até mesmo em traqueostomia. 

Nos kits invasivos e não invasivos para cough assist (adulto e pediátrico), como são comercialmente conhecidos, estão contemplados circuitos, máscara de borda inflável, conector intermediário e filtro bacteriológico. Esses acessórios podem ser diferentes de acordo com o dispositivo e o fabricante, além do perfil do paciente.

Em todas as interfaces, para garantir mais eficiência na terapia, é importante que a vedação do sistema seja completa, incluindo a pressão do cuff (balonete de vedação presente em cânulas de traqueostomias) que deverá estar insuflado adequadamente. 

Quais os benefícios da terapia?

O uso do assistente de tosse oferece uma série de benefícios para pacientes em ventilação mecânica: 

  1. Prevenção de infecções e complicações respiratórias, como PAVM e atelectasia; 
  2. Melhora da ventilação pulmonar, permitindo que o oxigênio chegue aos tecidos do corpo de forma mais eficaz;
  3. Aumento da independência e melhora da qualidade de vida do paciente, reduzindo o desconforto respiratório e facilitando a reabilitação pulmonar.

Contraindicações:

  •  Barotrauma recente;
  •  Pneumotórax ou pneumomediastino;
  •  Enfisema bolhoso.

Contraindicações relativas:

  • Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) bulbar: atentar-se ao uso devido a falta de controle da glote que leva a um favorecimento do colapso das vias aéreas;
  • Traqueomalácia: flacidez na estrutura da traqueia que favorece seu colapso caso sejam aplicadas pressões negativas elevadas. 

Recomendações a serem consideradas 

Para garantir o uso eficaz do assistente de tosse em pacientes sob ventilação mecânica, devemos considerar as seguintes orientações:

Avaliação Individualizada: cada paciente possui necessidades respiratórias únicas. É crucial que um profissional de saúde qualificado, como um fisioterapeuta, conduza uma avaliação detalhada para determinar a configuração mais adequada do assistente de tosse.

Integração na Estratégia de Cuidados: o assistente de tosse deve ser integrado de maneira apropriada no plano de cuidados do paciente. Isso requer colaboração com uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas respiratórios e outros profissionais de saúde.

Monitoramento e Ajustes: O uso do assistente de tosse deve ser rigorosamente monitorado, com avaliações contínuas da resposta do paciente. É importante ajustar a terapia conforme necessário, observando a eficácia da tosse assistida, a tolerância do paciente e possíveis sinais de desconforto respiratório.

Orientação para Pacientes e Familiares: Pacientes e seus familiares devem receber instruções detalhadas sobre o funcionamento do assistente de tosse, sua importância e como identificar sinais de possíveis complicações respiratórias que podem necessitar de intervenção médica.

Especificações do manejo dos dispositivos

Manusear de forma adequada e com total segurança é essencial para garantir a eficiência e eficácia da terapia respiratória. Pensando nisso, separamos algumas informações sobre as principais características e cuidados:

  1. Os assistentes de tosse precisam ser posicionados em um local firme e de superfície plana, evitando possíveis quedas acidentais;
  2. São equipamentos bivolts automáticos, podendo ser ligados diretamente nas tensões elétricas 110v e 220v. Extensões e adaptadores não devem ser utilizados;
  3. Após ligado, o aparelho deve ser configurado com os parâmetros necessários pela equipe multiprofissional responsável;
  4. O circuito deve ser conectado ao aparelho, em uma das extremidades, e na outra, a interface a ser conectada ao paciente. Atenção: Independente da interface, não pode haver escape de ar durante a terapia;
  5. Sempre utilizar filtro de barreira ou bacteriológico, este será responsável por proteger o equipamento de contaminação ou retorno de secreções;
  6. Após o uso, observar se há secreções no circuito e interface e seguir com a higienização;
  7. Para limpeza pode ser utilizado um pano umedecido com detergente neutro.
Assistente de Tosse EO-70 da ALMS

Conhecendo o Assistente de Tosse EO-70 da ALMS

Fabricado pela Air Liquide Medical System, o Assistente de Tosse EO-70 é um dispositivo essencial para a mobilização e eliminação de secreções das vias aéreas.

O dispositivo conta  com os mais avançados recursos tecnológicos, como a função Coaching que fornece orientações personalizadas, facilitando o gerenciamento e melhorando a capacidade de resposta ao tratamento, em especial quando utilizado em pacientes pediátricos.

Além da função coaching, o EO-70 possui os seguintes modos e parâmetros:

  • Modo de Exsuflação - INEX;
  • Manobra com pressão positiva intermitente - IPPB (Intermittent Positive Pressure Breathing);
  • Oscilações;
  • Ajustes predefinidos de até 3 programas de tratamento;
  • Bateria interna com autonomia para realizar até 4 sessões de terapia;
  • Pressões com variações entre  -70 e +70 mbar;
  • Relatório de dados via USB.

Parabéns! Você concluiu mais uma etapa!

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6.4 Oxigenoterapia aplicada à Ventilação Mecânica

Descubra como implementar a oxigenoterapia na ventilação de maneira eficaz e segura.

Referências

Aspectos fisiopatológicos do reflexo da tosse: uma revisão de literatura | 2017 | Disponível aqui
Insuficiência respiratória crônica nas doenças neuromusculares: diagnóstico e tratamento | 2007| Disponível aqui
Manual Cough Assist E-70  | Disponível aqui