Os efeitos da insônia: como a privação do sono pode afetar a saúde e o bem-estar
Publicado em Maio 02, 2023
6 minutos
A insônia é um distúrbio do sono comum, que afeta muitas pessoas ao redor do mundo, caracterizada principalmente pela dificuldade em adormecer ou manter o sono, resultando em uma sensação de cansaço e sonolência durante o dia.
Além de afetar a qualidade de vida, essa doença pode levar a problemas de saúde a longo prazo. Para entender suas causas e tratamentos possíveis, bem como algumas dicas para melhorar a qualidade do sono, continue acompanhando o texto!
Causas e sintomas
A Associação Brasileira do Sono define a insônia como uma dificuldade persistente em iniciar ou manter o sono, ou uma sensação de sono insuficiente, que causa sofrimento ou prejuízo significativo durante as atividades diárias, como irritabilidade e dificuldade em se concentrar.
Segundo estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia.
O diagnóstico clínico é baseado na história do paciente, que deve ser avaliado quanto a possíveis fatores de risco e comorbidades. Algumas das principais causas incluem:
- Estresse e ansiedade: problemas no trabalho, relacionamentos ou finanças, bem como eventos traumáticos ou emocionais;
- Condições médicas: doenças crônicas como artrite, asma, apneia do sono, síndrome das pernas inquietas ou dor crônica;
- Uso de substâncias: cafeína, álcool ou tabaco;
- Alterações no ambiente: Mudanças no ambiente, como viajar para fusos horários diferentes, trabalhar em turnos noturnos ou ter um ambiente de dormir barulhento ou desconfortável;
- Problemas de saúde mental: depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia são alguns exemplos;
- Medicamentos: certos medicamentos prescritos, como antidepressivos, anti-hipertensivos, corticosteróides e medicamentos para doenças respiratórias, podem afetar o sono.
Mulheres têm maior predisposição à insônia do que homens?
A resposta é sim! De acordo com estudos desenvolvidos pela Associação Brasileira do Sono (ABS), as mulheres são mais vulneráveis à insônia devido a fatores como as flutuações hormonais durante o ciclo menstrual, gravidez e menopausa, associados à queda nos níveis de estrogênio, por exemplo.
No que diz respeito à gestação, a ABS destaca que a insônia é comum especialmente no terceiro trimestre da gravidez, devido a fatores como a mudança na postura de dormir, aumento da frequência urinária e desconforto físico. O uso de medicamentos para induzir o sono durante a este período deve ser avaliado cuidadosamente pelo médico, levando em consideração os riscos e benefícios para a mãe e o bebê.
Outra pesquisa — publicada no periódico Sleep Medicine Reviews, em 2018 — analisou as diferenças de gênero na insônia e descobriu que fatores psicológicos e socioculturais também podem desempenhar um papel importante na maior prevalência da insônia em mulheres.
Alguns dos fatores psicológicos são a sobrecarga de trabalho e as responsabilidades familiares, já que as mulheres muitas vezes têm mais responsabilidades familiares e domésticas do que os homens, o que pode contribuir para o estresse e, consequentemente, dificultar o sono.
Já em relação aos fatores socioculturais, a pesquisa sugere que os papéis de gênero tradicionais e as expectativas sociais podem contribuir para a maior incidência de ansiedade e depressão — fatores de risco já conhecidos para a insônia.
Insônia x Qualidade de vida
A qualidade de vida está intimamente ligada ao sono. Quando uma pessoa dorme bem, o corpo descansa e se recupera adequadamente, o que pode ajudar a melhorar o humor, a memória e a saúde geral.
Estudos da Associação Norte-Americana do Coração mostraram que a insônia pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e outras condições, afetando negativamente o desempenho no trabalho ou em outras atividades diárias, devido a consequências como dificuldade de concentração e tomada de decisões.
A boa notícia é que a insônia pode ser tratada! Existem muitos métodos para avaliar a qualidade e duração do sono, bem como determinar se existem distúrbios do sono presentes.
Isso pode incluir uma avaliação médica, exame físico, testes de sono em um laboratório especializado, questionários e entrevistas com o paciente, além da análise dos dados coletados durante o sono.
O diagnóstico correto é importante para definir o tratamento adequado de acordo com as necessidades individuais do paciente, podendo incluir abordagens terapêuticas e mudanças na rotina visando a melhora da qualidade de vida.
Como combater a insônia?
Estabeleça uma rotina de sono: tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, inclusive nos finais de semana;
Crie um ambiente propício: mantenha o quarto escuro e silencioso. Utilize travesseiros e colchões confortáveis, e evite o uso de aparelhos eletrônicos com luz azul antes de dormir;
Evite cafeína, álcool e nicotina antes de dormir: essas substâncias podem interferir no sono e deixá-lo mais agitado;
Faça atividades relaxantes antes de dormir: leia um livro, tome banho quente ou ouça músicas relaxantes. Evite atividades estimulantes, como assistir a filmes de ação ou jogar videogame;
Pratique atividades físicas regularmente: o exercício físico regular pela manhã pode ajudar a melhorar a qualidade do sono. Evite a atividade física à noite, especialmente perto da hora de dormir;
Consulte um médico especialista: em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos, ou um tratamento mais específico para ajudar a encontrar a razão e aliviar os sintomas da insônia.
É importante lembrar que a insônia pode ser um sintoma de uma condição médica subjacente, como a apneia do sono, portanto, se os problemas persistirem, é recomendado buscar ajuda profissional para avaliação e diagnóstico adequados.
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Referências
Comprovado! Sono influencia na saúde cardiovascular | 2022 | Disponível aqui
Insônia do diagnóstico ao tratamento | 2019 | Disponível aqui
Insônia – O que é, causas, sintomas e tratamento | 2020 | Disponível aqui
The impact of stress on sleep: Pathogenic sleep reactivity as a vulnerability to insomnia and circadian disorders | 2018 | Disponível aqui
Você já teve insônia? Saiba que 72% dos brasileiros sofrem com alterações no sono | 2023 | Disponível aqui