1.2 Saiba como garantir uma Oxigenoterapia segura
Módulo 1: Saiba tudo sobre a Oxigenoterapia
A oxigenoterapia está sendo cada vez mais utilizada para dar continuidade ao tratamento de pacientes com doenças crônicas em casa. Essa abordagem não só oferece mais conforto e bem-estar, mas também proporciona maior mobilidade e independência para aqueles que necessitam de oxigênio suplementar.
Neste texto, vamos analisar os riscos associados e os cuidados essenciais para garantir que a oxigenoterapia domiciliar seja realizada de forma adequada e segura, com orientações direcionadas a todos os envolvidos, desde os profissionais de saúde até os familiares.
Oxigenoterapia Domiciliar: conheça os riscos associados
A oxigenoterapia é uma intervenção médica utilizada no tratamento de diversas condições respiratórias e é fundamental conhecer os riscos associados à sua aplicação para obter a máxima eficiência. Podemos citar na tabela a seguir três categorias de riscos associadas à terapia.
Riscos |
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Riscos Funcionais |
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Riscos Químicos |
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Hiperoxigenação: entenda a consequência da alta concentração de oxigênio no organismo
A necessidade de fluxo é específica para cada paciente, e é obtida através do valor mínimo para manter a quantidade adequada de oxigênio no sangue tanto em repouso como durante as atividades diárias. A quantidade adequada pode ser mensurada via gasometria arterial (exame de sangue e invasivo) e via dispositivos, como oxímetro de pulso. É essencial administrar a quantidade exata de oxigênio prescrita por profissionais habilitados para garantir a segurança dos pacientes, evitando possíveis danos à sua saúde.
Os efeitos fisiológicos da hiperoxigenação incluem vasoconstrição sistêmica ( aumento da resistência vascular sistêmica e pressão parcial sistêmica; diminuição do volume sistólico e débito cardíaco, e possível diminuição do fluxo sanguíneo tecidual), vasodilatação pulmonar nas áreas afetadas ( redução da resistência vascular pulmonar e pressão arterial pulmonar, aumento do fluxo sanguíneo pulmonar, e diminuição do ajuntamento intracardíaco da direita para a esquerda) e alterações na perfusão regional (redução do fluxo sanguíneo coronariano e agravamento de danos isquêmicos em casos de infarto agudo do miocárdio). Além disso, a hiperoxigenação pode causar toxicidade celular, com inflamação induzida por citocinas pré-inflamatórias e risco aumentado de lesões neurológicas. Pode ocorrer também, lesão pulmonar induzida e possível disfunção de outros órgãos. No pulmão, podem ocorrer atelectasias de reabsorção e comprometimento da depuração mucociliar na traqueia e brônquios.
Orientação para a aplicação da Oxigenoterapia
É fundamental que a família e os cuidadores dos pacientes em oxigenoterapia domiciliar recebam orientações adequadas dos profissionais de saúde sobre os cuidados necessários. Isso inclui informações sobre os riscos envolvidos, a importância de entender sobre a funcionalidade e os alarmes dos equipamentos, a adequação do ambiente e local de instalação, bem como da necessidade de seguir rigorosamente a prescrição médica quanto à quantidade de oxigênio oferecida. Além disso, é recomendável disponibilizar material de fácil compreensão, que possa ser consultado em caso de dúvidas.
O local de instalação dos equipamentos de oxigenoterapia deve ser arejado, bem iluminado e com acesso fácil a tomadas em boas condições de uso. Os dispositivos (cilindros, reservatórios e concentradores de oxigênio) devem ser mantidos a uma distância mínima de 2 metros de fontes de fogo, como chamas, fogões, churrasqueiras, fósforos e velas, para prevenir riscos de explosão e queimaduras. Além disso, cilindros de oxigênio devem ser fixados em suportes adequados para evitar quedas.
Veja no infográfico abaixo os principais cuidados e orientações para garantir a segurança na terapia.
A administração correta de oxigênio evita riscos a saúde do paciente
Para uma administração correta de O2 é necessário que a dosagem, o modo de oferta e o tempo estejam ajustados de maneira adequada e de acordo com o quadro clínico do paciente. Se ajustados de maneira inadequada, podem provocar uma toxicidade devido a liberação de radicais livres. Essa, por sua vez, pode gerar graves consequências à saúde, como o comprometimento do Sistema Nervoso Central (SNC), do sistema respiratório e do sistema cardiovascular. E, quanto maior o tempo de exposição a essa toxicidade, maior é o risco de complicações, podendo evoluir para Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) e até a morte.
Pacientes com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) grave ou hipoventilação da obesidade, apresentam um trabalho respiratório elevado que provoca um estímulo ventilatório levando a uma estimulação hipóxica de seus quimiorreceptores periféricos. Quando a hipoxemia é corrigida de maneira inadequada, a ventilação pode reduzir abruptamente e causar uma hipercapnia grave (retenção ou aumento de CO2 presente no sangue), sendo esta detectada por meio de exame de gasometria arterial.
O cuidado com pacientes com retenção crônica de CO₂ é fundamental para evitar hipercapnia, que pode causar depressão do sistema nervoso central, alteração do nível de consciência e sintomas como dor de cabeça matinal, fadiga e dispneia. A dosagem de oxigênio deve ser ajustada para manter a Saturação Parcial de Oxigênio (SpO₂) entre 90% e 92%.
Além disso, a elevação da PaO2 (Pressão Parcial de Oxigênio no Sangue) aumenta a saturação da hemoglobina, sendo esta uma proteína presente nos glóbulos vermelhos (hemácias) responsável pelo transporte de oxigênio para as células do organismo. Contudo, é de suma importância, atentar-se a curva de dissociação do oxigênio, conforme imagem abaixo, para avaliar e entender se esse transporte está adequado.
Conclusão
Considerando que muitos pacientes que iniciam tratamento com suporte de oxigênio desconhecem tanto o processo da terapia quanto os riscos envolvidos, é fundamental que o profissional responsável pela instalação explique ao paciente, familiares e cuidadores a importância de seguir corretamente as orientações para evitar riscos à saúde, como toxicidade e problemas decorrentes de uma quantidade inadequada de oxigênio administrado.
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Módulo 2 - Conheça as soluções para Oxigenoterapia
Saiba como as soluções para Oxigenoterapia promovem mais qualidade de vida aos pacientes portadores de doenças crônicas.
Referências
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Fisiopatologia Pulmonar de West - Princípios básicos 10ª edição
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Princípios para o cuidado domiciliar 2 - Oxigenoterapia Domiciliar | 2014 | Disponível aqui
Recomendações para oxigenoterapia domiciliar prolongada da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. J Bras Pneumol. 2022;48(5):e20220179 | 2022